sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

|::| Olá, 2009!

Frequentemente somos ambíguos. Agindo com ou sem objetivos definidos, sempre há uma parcela de nossos atos que escapam ao nosso total controle consciente. Embora o planejamento, a objetividade e a consciência contribuam para que obtenhamos resultados esperados, sempre há variáveis que nos escapam. Eu, muitas vezes, não sei  bem quais serão os frutos de alguns atos. Penso que isso é natural. Afinal, eu, assim como, acredito, todos os seres humanos, não enxergo o futuro. Por isso, escolhi moldar meu comportamento de forma a atender certas exigências das minhas crenças a respeito da natureza e (des)propósito das coisas.

No fim das contas, sempre agimos de acordo com articulações complexas entre as informações que obtivemos, as nossas emoções e os nossos pensamentos. Alguns dizem que para entendermos o nosso comportamento, devemos buscar suas origens nas informações com as quais entramos em contato desde o nosso nascimento. Essas informações gerariam emoções, pensamentos, atitudes, e por fim os resultados que colhemos. Mas, talvez haja um porém na aparente perfeição dessa linha de explicação: nossa mente não funciona como a esteira automatizada de uma linha de produção linear. Não sei se é possível haver a assimilação de qualquer informação sem que esta, desde sua entrada em nossa mente, já se ligue a emoções, sentimentos e pensamentos. 

Em outras palavras, uma vez que a engrenagem de nossa vida mental é iniciada, torna-se muito difícil saber onde começa e onde termina o processo que dá origem às nossas ações. Entretanto, há uma palavra curiosa em nosso vocabulário que bagunça ainda mais essa brincadeira: escolha. Acreditamos que possuímos o dom da escolha. Escolhemos o que comer, com quem nos casar ou não nos casar, o que ler e por onde andar. 

O problema é que acreditamos que podemos escolher porque escolhemos acreditar que podemos. Consequentemente, todas as nossas escolhas resultam de escolhas fundamentais que constroem as nossas crenças. Você pode escolher comer arroz com feijão, ou só arroz ou só feijão, não é? Mas pode escolher comer ou não comer? Até quando pode escolher não comer? E quando não puder mais não escolher comer, poderá ainda assim escolher entre o arroz e o feijão? E se houver só arroz, que escolha estará disponível?

Quando escolhemos refletir sinceramente sobre tudo isso, começamos a desenvolver uma sensibilidade maior em relação à vida humana. Passamos a ver que as nossas escolhas muitas vezes são tão limitadas pelas possibilidades que enxergamos ou até mesmo pelo tempo, que poderíamos até dizer que não temos escolha. Apesar disso tudo, eu escolhi acreditar que sim, realmente possuímos o dom da escolha, sem esquecer que há escolhas que absolutamente não estão ao nosso alcance.

Quanta crueldade existe porque as pessoas tomam decisões equivocadas que as afastam cada vez mais da capacidade de se enxergar nos outros. A empatia, talvez o maior de nossos dons, torna-se cada vez mais obscurecida conforme escolhemos não enxergar que no fundo do profundo de todos nós, somos menos livres do que pensamos ser, e mais livres do que gostaríamos de ser.

Enquanto todos estão falando da chegada do novo ano, por que não levarmos um papo sobre as nossas escolhas?


9 comentários:

Unknown disse...

Ai, gente, pior eu, que não escolhi ter um irmão assim ...
hehe!

Elen Gruber disse...

Kelson!! Quanta baboseira legal!!!Gosto muito dos seus textos e bla bla blas.

Anônimo disse...

Kelson! a cada leitura me encanto mais com as "baboseiras". simplismente MARAAAAAAAAAAVILHOSO
bju

Alessandro Gruber disse...

Kelson, muito legal esse texto.
Muito legal pensar que as escolhas podem nos privar ou abrir um mundo de novas possibilidades.
Nosso cérebro funciona como uma rede, está tudo interligado, não existe início e fim (na verdade, existe, quando somo gerados e quando morremos) e as decisões da nossa racionalidade fazem parte dessa rede, do nosso mundinho (ou mundão).

Feliz 2009!

Alessandro Gruber disse...

"se meus ouvidos falassem..." - eu seria um gravador (rec and play).

Anônimo disse...

oi Kel
Muito legal seu texto, mas pensei que nessa fase seriam textos menores...hahahaha

Josh disse...

Pois é; gente essas coisas não são baboseiras não! Poucos são aqueles que pensam no conceito ESCOLHA. E destes poucos, raros chegam a conclusões substanciais. Muito se fala no conceito de livre arbítrio, mas este pode ficar pra outra hora. O que realmente podemos ponderar é o fato de que as coisas da nossa vida podem estar tão fora do nosso alcance que, pra ficarmos mais tranquilos, nos contentamos em dizer que somos donos do nosso próprio destino e que de tudo temos controle. Contudo, concordo com o blogger autor: escolho acreditar que posso escolher determinadas coisas, mas também tenho que lidar com o que não posso escolher. Por exemplo, queria poder escolher por um irmão filósofo, mas me deram um economista...!!! E agora?

jito disse...

haha.. já reparou como a nossa sociedade é curiosa? As pessoas PRECISAM ler os outros posts, rs. (eu li, claro! rs)

vamos lá, kel..
"O problema é que acreditamos que podemos escolher porque escolhemos acreditar que podemos."

fiquei pensando. Nâo tive escolha ao nascer adventista, o que acabou me privando de uma série de outras escolhas que nem me foram apresentadas. Agora, se eu acredito nas escolhas que fiz.. como posso ter certeza delas, se ao menos tive a escolha de escolher outra coisa.
Pior.. eu tenho certeza que estou do lado certo. Assim como que está do outro lado, certamente convicto.

No fim, parece que tudo é mesmo uma questão de escolher acreditar.

eu mesmo.. escolhi acreditar que 2009 srá incrível !!!

Anônimo disse...

Olha..eu estava numa correria e parei pra dar uma lida em "Olá 2009"...acho que não vou conseguir parar de ler suas postagens..heheh.
Excelente Kelson!