sábado, 15 de agosto de 2009

|::| Talvez

Não sei se brinco de me enganar, se me engano brincando, ou se me engano que me engano. Talvez. Aquela sensação que sobra, depois que os perfumes penetrantes evaporam, depois que escurece, é de falta. De vazio. De desperdício. De decepção.

Talvez eu tenha preferido os enganos. Talvez eu esteja pagando os preços. Os juros, ainda, por ter recebido tanto de uma vez.

É claro, tento entender. Sempre tento. E, sem entender, me desentendo, comigo, com meus enganos, com meus ganhos, talvez.

Será que sou tão cego? Será que sou tão surdo? Porque quanto mais tento ver, menos vejo. E como tenho tentado ouvir, mas não ouço. Ouço nada, e vejo nada. Nenhuma intenção, nenhuma vontade, nenhuma mudança. E se só eu me enganar? Basta? E se só eu me bastar? Basta?

Ah, como eu me engano. Sim, como eu me engano!

Será que isso é tudo? Será que é só isso? A parte que me cabe, a herança a que tenho direito, o presente que recebi, é isso? Tal vezes em que são feitas brincadeiras de mau gosto.

Ou eu fecho os olhos e me esforço pra continuar enxergando o que não está mais à minha frente, ou eu abro os olhos e me esforço pra viver sem aquilo que está só na minha mente.

Ah, como eu me engano. Ah, como eu me canso.

E se o sábio estiver certo, e se é sábio, certamente estará, havendo tempo pra tudo, a hora vai chegar. Porque esperar, mesmo sentado, até mesmo deitado, cansa.