segunda-feira, 29 de março de 2010

|::| Parabéns pra mim

Hoje foi meu aniversário. (É estranho usar "hoje" e "foi" na mesma frase, já que, supostamente, hoje é uma espécie de "agora"). Foi um dia de aniversário normal... com pessoas diferentes me abraçando (não que isso me incomode), pessoas estranhas cantando parabéns, bolos de chocolate horríveis (ok, talvez estivessem bons, mas eu não gosto de bolo mesmo), minha mãe ligando pra saber se eu queria jantar (óbvio que sim, a pergunta pertinente é "onde") e amigos mostrando que apesar do passar dos anos, ainda são capazes de lembrar de um número.

Ontem tive insônia. Aproveitei pra pensar, claro... MENTIRA! Todo mundo que já teve insônia alguma vez na vida sabe que durante uma insônia você não pensa, não trabalha, não estuda, não faz nada de produtivo a não ser virar de um lado pra outro e de vez em quando se perguntar "Dormi?" e logo depois responder "Não! Droga!". Bom, não posso reclamar, dois dias atrás eu estava com diarréias. Ah, e no meu último aniversário eu nem sei onde eu estava (aliás, se alguém se lembrar, conte pra mim, por favor).

Fico aqui pensando... tentando decidir se, afinal, eu me importo ou não com essas coisas estranhas que inventamos para nos lembrarmos da passagem do tempo. Se tudo foi inventado por nós - inclusive essas correntes que nos prendem aos tempos e às datas - somos, por fim, mais cedo ou mais tarde, ou sempre, os carrascos e os escravos de nós mesmos. Esse é o tipo de pensamento legal de escrever, mas que significa nada mais, nada menos do que: "nós continuamente ferramos a nós mesmos e nos ferramos nesse processo de nos ferrar". Ah, mas é claro e estupidamente óbvio que esse processo todo tem suas vantagens. O complexo é que por alguma razão desconhecida, as dores parecem bem mais concretas e sólidas do que os prazeres. A alegria realmente é algo sutil e precioso.

Antes que isto aqui se transforme em algo mais do que uma descrição sem graça do meu aniversário, vou parando pra tentar dormir e recuperar os sonhos - os que não tive - da noite passada.

sábado, 27 de março de 2010

|::| Humanos, animais estranhos

Tento, com esforço significativo, lidar com estes meus pequenos desgostos pouco compreensíveis. Puxo, daqueles territórios bem lá no fundo da mente, todas as lembranças que poderiam, conectadas, dar algum sentido às minhas emoções. Mais uma vez, como em tantas outras, cedo diante da impossibilidade de me entender por completo ou, pelo menos, de me cegar por instantes, até que os fantasmas se escondam.

Tentar aprender o que já sei talvez seja sempre frustrante. Abrir mão da ilusão do controle e do sonho da racionalidade libertadora tem sido irrealizável pra mim. Esse amargo estridente que acompanha a confissão das minhas fraquezas traz forte irritação. E no fim, vendo tudo isso, só consigo dizer: enfadonho, muito enfadonho.

segunda-feira, 22 de março de 2010

|::| Dos desejos fúteis e das vontades úteis

Há mais de três meses que não consigo terminar nada que começo a escrever. Obviamente não sei se terminarei de escrever isto aqui. O que sei é que sempre me vejo com aquela vontade de dizer alguma coisa, mas sem encontrar a linha que une o fim de um silêncio ao início de um novo silêncio. A linha que dá sentido a esse fluxo de palavras tão desconhecedoras de si mesmas.

Pois acho que escrevo para dar fim ao silêncio, tentando, por alguns momentos, convencer essas redes complexas de pensamentos pouco ou muito conectados de que há algo a se dizer antes de mais um silêncio. E confesso, com alguma resistência, que de vez em quando até aparece alguma vontade de me envolver nessas discussões intermináveis que rolam por aí. Sou contra, por exemplo, a matança injustificada das formigas. Sou contra, também, a pipoca de microondas com sabor de chocolate. Sou contra a prática fortemente subversiva de limpar as mãos e a boca nos mesmos panos usados para secar a louça. E sou a favor, bastante, das mulheres que depilam suas axilas (talvez correndo o risco de ser condenado por alguma feminista meio radical). Ah, e claro, sou a favor dos cães. Mas, sinto que ando meio calado, talvez por acreditar pouco nas discussões, talvez por estar bem convencido de minhas opiniões ou talvez por falta de vontade mesmo. Afinal, trabalhar, dormir, comer e jogar videogames cansa.

O desejo de filosofar tem empacado naquelas vontades de simplesmente ir vivendo. Talvez, todas as coisas que acontecem no verão me deixam meio descrente. Embora eu continue acreditando na existência dos duendes e dos políticos honestos.

E evitando o risco de uma indigestão literária, vou parando por aqui. Faço uma promessa aos poucos que ainda me visitam: eu voltarei!