domingo, 2 de janeiro de 2011
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
|::| Dos desejos para o próximo ano
Postado por Kelson Fernandes às 09:22 8 Pessoas destemidas deixaram um comentário
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
|::| O menino dos ares
No chão, suas idéias se organizaram, seus objetivos ficaram mais claros, assim como seus sentimentos, e agora parte para uma nova fase. Sabe que não sonha sozinho e que alguns vínculos começados há algum tempo são fortes o suficiente para se manterem firmes no meio de toda a bagunça que as mudanças geram.
Não muito tempo atrás, pensando sobre o desconforto que é viver num mundo fake, ele se deu conta de que estamos constantemente procurando não desapontar as muitas expectativas alheias. Ele viu isso como uma grande teia de mentiras, que ameaçava gerar tamanha confusão que deixaria todos a ponto de se perder de si mesmos. Talvez isso ainda não era claro, mas cada vez que ele se colocava aqueles questionamentos, estava se aproximando pouco a pouco do lugar onde está agora.
Se agora ele pode sentir que está fazendo algo importante pelo seu futuro, é porque lá atrás ele passou a se questionar. Ele quis encontrar um caminho que fosse diferente do que via como natural para si e está começando a encontrar um. Com o passar do tempo, perceberá que existem muitos caminhos e que estará sempre naquele que escolher estar. E saberá com clareza que as vontades, os desejos, os sonhos e os projetos sempre se manifestam através de escolhas.
Menino, você que é o mesmo, mesmo quando é assim tão diferente, percebe que sempre foi, mesmo se sem saber, o menino dos ares? Percebe que nunca precisou do avião, pois sempre pôde voar por si mesmo, com essas suas asas que ainda está começando a descobrir? Agora que tudo isso se torna mais claro, para quão longe quererá voar? Preferirá voar sozinho ou aceita companhia? Voará suficientemente alto para a Terra parecer muito pequena e distante? Ou voará baixo o bastante para enxergar o que o espera aqui embaixo?
De qualquer forma, verá que nunca será capaz de voar longe o suficiente para que se perca de si mesmo, pois sua essência, o princípio de si mesmo, é forte o bastante para puxá-lo de volta sempre que estiver longe demais. Puxá-lo de volta à sua felicidade.
Postado por Kelson Fernandes às 12:41 3 Pessoas destemidas deixaram um comentário
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
|::| O caminho dos cães
Anos atrás, ainda criança, quis entender o caminho dos cães abandonados. Perguntou muitas vezes a si mesmo e a tantos outros para onde vão os cachorros que andam sem rumo aparente pelas ruas do mundo. Nunca obteve respostas significativas ou minimamente coerentes. E questionava-se se as entenderia, caso as recebesse.
Foi encontrado dormindo no chão, debaixo de uma ponte. Com apenas 11 anos, inventou de seguir aquele viralata magrelo e bastante fedido que encontrara em frente à escola. Não descobriu para onde o cão se dirigia, mas aprendeu que depois de algumas horas caminhando juntos, qualquer cão se torna seu melhor amigo. Após muito insistir, seus pais, ainda chorosos e radiantes após 3 dias de uma busca incansável pelo frágil e doente filho desaparecido, acabaram por aceitar levar o cachorro para casa. Ele ficou feliz, mas chorou escondido, frustrado por não ter feito a descoberta de sua vida.
O suor agora o faz tremer de frio, enquanto observa, paralisado, a porta se abrir. Milhões de perguntas - quem sabe, bilhões - passam por sua mente. Lembra-se de cada resposta vazia que recebera ao longo da vida. Lembra-se de cada vez em que se jogou na cama, afundando o rosto no travesseiro, abafando aquele choro quase injustificável.
Não dá para saber tão pouco e se manter tranquilo. Não para ele. E nessa busca, andou pelo mundo. Conheceu muita gente das gentes de todos os povos. Vez ou outra mandava um cartão postal aos seus pais, avisando que embora tendo parado com aqueles medicamentos, e contrariando os dizeres e alertas de extremo negativismo de seu médico, sentia-se bem.
Encontrou o que presumira ser o amor. Descobriu o que imaginara ser a paixão. Maltratou o que pensara ser seu corpo. Enfeitou o que julgara ser sua mente. E sempre, mais uma vez, via que, nem de longe, era capaz de entender o caminho dos cães.
Agora, inexplicavelmente, sente que está para descobrir o que sempre quis saber. A porta continua se abrindo, revelando uma luz fraca e um aroma conhecido. Por alguns instantes, ele sente-se como se seu mundo estivesse entrando em colapso com o sol. Sente-se fervendo por dentro. Sente-se cegado pela luz da descoberta. Percebe que sua busca termina exatamente no seu local de partida. E que, enfim, está de volta ao lugar de onde nunca nem percebera ter saído. O lugar para onde os cães vão, o sentido de seu caminho é, no fim das contas, simplesmente, o fim de seu caminho. Não há sentido, não há motivos. Só há o início e o fim. E ambos se encontram no silêncio.
Postado por Kelson Fernandes às 18:29 2 Pessoas destemidas deixaram um comentário
sábado, 2 de outubro de 2010
|::| O Menino do chão
O mundo lá de cima, aquele dos ares, retira-se, aos poucos, dando lugar ao mundo de baixo, das escolhas possíveis e das possibilidades ao alcance dos sonhos. Ao tocar o chão, sente que é o momento de pesar os planos e de avaliar as intenções. Não há mais a liberdade dos ares. Não há mais a liberdade dos tantos lugares e da vida sempre em trânsito. Mas agora há liberdade para iniciar a construção de si mesmo. A liberdade para a definição de seus desejos.
Esse menino, que é o mesmo ao mesmo tempo em que é tão novo e diferente, acordou no chão, na Terra, e agora poderá unir à visão privilegiada que teve lá de cima, a experiência concreta de tocar, por tempo indeterminado, com os pés, o chão.
Será que quando der seus primeiros passos por aqui ele ainda será capaz de manter aquelas confusões que o fizeram ser assim tão diferente? Será que após desembaralhar-se e aterrisar no lugar onde começará a construir uma nova parcela de si mesmo, ele verá que o alto e o baixo, o céu e a terra, o lá e o aqui são sempre o mesmo lugar de sempre? Que, afinal, ele nunca estará longe de si: o único lugar onde pode estar.
Postado por Kelson Fernandes às 12:56 1 Pessoas destemidas deixaram um comentário
domingo, 15 de agosto de 2010
|::| O menino do avião
Embora sempre ele mesmo, estando cada dia em um lugar diferente e cada dia em vários lugares, surge uma sensação de embaralhamento e de confusão. Sensação que às vezes ele percebe, às vezes não, como aquele formigamento nas pernas que só é percebido quando se levanta. Talvez por isso uma certa ansiedade: ele se levantou, e começou um processo de ampliação da sua própria percepção. Depois de iniciado esse processo, é, muito possivelmente, tarde para voltar atrás.
Com os pés frequentemente fora do chão, sem tocar a Terra, sempre entre os lugares, sempre em trânsito, indo ou voltando, nunca ficando, torna-se complicado sentir as regras do jogo. Fica difícil entender de que jogo, dentre os tantos que se jogam no mundo, ele participa. Essa sensação de não pertencimento, de se estar alheio aos fatos, alheio ao que acontece, faz com que ele se irrite, com freqüência. Por incrível que pareça, ele sente, talvez sem perceber, que também precisa encontrar as suas leis, o seu rumo, o seu norte.
Mas como dizer para ele que esse seu mundo acima da Terra é também o que o torna assim tão diferente? E como dizer que nas alturas, onde seus pés não tocam o chão, sua mente se encontra livre para inventar tantas possibilidades e crescer em direções tão novas?
Talvez um de nossos maiores dilemas seja conciliar a grande inovação e criatividade que brotam da ausência das regras com o seu potencial para a destruição. Como transitar entre os mundos, entre as terras, entre as cidades, e continuar mantendo em integração, numa só mente, os seus sentimentos, as suas emoções e os seus sonhos? Ele percebe que em algum momento pousará, e sente que só então poderá colocar em movimento os tantos planos que nutriu enquanto estava entre as nuvens.
Esse menino do avião, que voa entre os mundos, transitando entre os costumes e entre os muros, pousa sempre pouco conformado por perceber que, afinal, estar livre, cada dia em um lugar diferente, como se a cada dia iniciasse uma nova vida, é, afinal, uma perigosa prisão.
Será que quando ele voltar a ligar seus pés ao chão da Terra será capaz de organizar suas tantas idéias alimentadas lá no alto, pouco mais perto das estrelas? Após tanto embaralhar-se, tanto procurar-se e tanto perder-se, ele ainda pode ver que a direção que procura, o seu norte, é, no fim das contas, ele mesmo?
Postado por Kelson Fernandes às 17:27 4 Pessoas destemidas deixaram um comentário
sábado, 10 de julho de 2010
|::| Dos giros da alma
Postado por Kelson Fernandes às 09:25 1 Pessoas destemidas deixaram um comentário
segunda-feira, 5 de julho de 2010
|::| A delicada beleza do descartável
Postado por Kelson Fernandes às 21:19 1 Pessoas destemidas deixaram um comentário
domingo, 6 de junho de 2010
|::| Dos gelos e demais manifestações da água
Postado por Kelson Fernandes às 18:02 0 Pessoas destemidas deixaram um comentário
sábado, 10 de abril de 2010
|::| O fetiche do assalto
Postado por Kelson Fernandes às 11:58 3 Pessoas destemidas deixaram um comentário