sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
|::| Bom, bonito e barato
Postado por Kelson Fernandes às 08:35 7 Pessoas destemidas deixaram um comentário
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
|::| Seis e meia na praça
O sol, cada vez mais escondido. Fugindo.
A praça já está vazia. Só eu. Sentado num banco. Perto de uma árvore. Observando. Vendo o mundo passar. É o momento em que penso como seria estar sozinho no mundo. Talvez esteja. Pensar que olhando dentro dos olhos da pessoa mais próxima de mim pode ser revelação de que estou infinitamente distante dela. E isso é belo e aterrorizador. É até uma sensação de que estou num abismo, ou que os olhos do companheiro ao lado são o abismo e que podem devorar o que penso ser eu. Buraco sem fundo. Buraco absurdamente sem fundo.
Mas a praça, esta praça às seis e meia da tarde, parece ir se desintegrando aos poucos. Perde partes de si. Já não correm as pequenas criaturas. Já não correm as criaturas pequenas, os seres, os humanos. Só eu. Só o cara da praça às seis e meia da tarde. Sentado num banco. Observando e tentando entender como as sombras podem dar lugar à escuridão conforme o sol se despede. Despede-se de quem? De um monte de matéria talvez. Matéria ou espíritos? É algo pra se pensar enquanto olhamos pela janela do ônibus que nos leva à nossa casa.
O banco. Este banco sobre o qual estou. Estou sentado. Com as pernas cruzadas, balançando o pé direito e vendo o tempo passar. E eu sei que ele passa, pois o dia vai escurecendo aos poucos, agonizando. O céu está vermelho: símbolo de seu sofrimento. O banco está quase vazio. Talvez se alguém passasse neste instante por aqui eu o convidaria para sentar-se ao meu lado.
Mas o banco. O banco já está quase vazio. Quem sabe se passados dois minutos ainda estarei aqui? Se nem eu – eu que penso sentado no banco às seis e trinta e um da tarde numa praça no meio de uma cidadezinha com um céu sofrendo e um sol se despedindo em agonia – sei se estarei aqui durante os próximos dois minutos.
O chão. Esse chão que serve de túmulo para tantas folhas que caem das árvores. Esse chão é pra onde olho quando caminho pensando no que deixo pra trás cada vez que permito que uma perna se dirija ao futuro. Se bem que esse negócio do tempo é tão esquisito... Há um minuto eu estava a pensar sobre os vazios por onde os últimos raios solares passavam. Agora também penso nisso. Mas nem por isso agora é seis e meia da tarde. Quase nada mudou neste último minuto, a não ser a minha cabeça. Os meus pensamentos. Não mudaram, cresceram. Há um minuto eu ainda não havia chegado à conclusão de que as pessoas estão separadas por distâncias absurdas, por pensamentos inúmeros e desejos irrealizáveis. E se penso isso agora, devo ao último minuto em que decidi permanecer sentado num banco de praça vendo o tempo passar, observando, refletindo sobre o céu, o sol, a praça, o banco, o chão, e também sobre mim, sobre o mundo, sobre a matéria e talvez, se me foi permitido, sobre o espírito.
Eu sentado num banco de praça vendo o tempo passando, as folhas caindo, o céu sofrendo, o sol agonizando, sentindo o tempo passando com os pensamentos crescendo. Eu sentado num banco de praça às seis e trinta e um e quase dois. Eu que resolvi parar. Eu que decidi que essa era hora de parar, sentar-me num banco e ver que posso não saber sobre dois minutos de minha vida.
E quando os ponteiros resolvem tomar mais um minuto meu, mesmo com a possibilidade de descobrir mais sobre o abismo que há entre as pessoas, levanto-me. Caminho em direção ao ponto de ônibus.
Seis e trinta e dois, esperando um ônibus passar e me levar. Levar pra casa enquanto penso se o sol sabe sobre sua própria agonia despedindo-se das coisas.
(Talvez meu relógio esteja parado. E se me iludi pensando que se passaram dois minutos quando na verdade podem ter-se passado cinco minutos? Espero que o ônibus não demore).
Escrito em 30/09/2001
Postado por Kelson Fernandes às 01:19 0 Pessoas destemidas deixaram um comentário
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
|::| Pererecando
Postado por Kelson Fernandes às 12:56 9 Pessoas destemidas deixaram um comentário
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
|::| Algo que não fiz
E difícil é quando me pergunto qual o objetivo de minhas indagações... Pois já nem sei se aquilo que penso é realmente o que penso. E já nem sei até onde vai o meu pensamento e o pensamento alheio. E não consigo distinguir a minha pessoa do resto da multidão. Se eu ou eles. As frases nas quais penso são de outros; as que tento inventar, não invento, pois já foram inventadas... Os livros estão todos escritos. Os contos já escaparam e vagueiam entre os mundinhos de cada um. Os romances... esgotaram-se. E sinto que tudo já foi feito. Tudo já foi vivido. Mas eu não fiz nada! Outros fizeram! E contaram. Espalharam. E tudo pode ser lido. E pode ser dito. E vivido...?
Pois então contarei o que não vivi.
Eu não conheci a pessoa que eu quis. Somente a olhei, de longe. Algumas vezes olhei de perto. Mas não sei se ela me viu. Não perguntei. E nem quis faze-lo. Pois o que eu não faria se descobrisse que ela não é a pessoa que eu quis? E se eu percebesse que ela não podia mais ser um sonho?
Sonho é o que era. Pois não a conhecia. Só a via num momento do dia. Todos os dias. Mas aqui dentro eu a via, sentia. O gosto, o cheiro, o som, a consistência. Mas não a conhecia. Pois não sabia se podia.
Certa vez enquanto almoçava ela passou ao lado da mesa à qual eu estava sentado. Obviamente eu não olhei pra ela. Nem sorri. E também não descobri se ela desviou o olhar para a minha direção. Nunca vou saber, pois não vou perguntar... E a partir daquele momento eu não podia mais conter a ansiedade de vê-la passar ao meu lado. Perguntava-me: será que ela já não percebeu que eu a quero?
Procurava andar pelos mesmos lugares. Seguia seus passos. Mas não quando ela estava por perto. Seguia o trajeto que eu imaginava que ela teria feito. Toda vez que tinha a oportunidade eu inspirava profundamente tentando sentir o seu cheiro. Mas não sentia. Eu não me aproximava o suficiente. Mas lá dentro eu sabia como era. Era... não sei!
Não vou descrevê-la. Isso os românticos já fizeram. Está tudo lá nos livros. É só ler. Todos já sabem como ela é. Sabem até de suas emoções, e sentimentos. Mas eu só imagino como são, pois não tentei descobrir. Nunca perguntei.
E o tempo foi indo. A vida foi indo. Eu não. Eu permaneci. Não a conheci. Não falava com ela. Não passeava com ela. Não a beijava, nem a sentia. Mas sabia a cor dos seus olhos. Não eram castanhos. Não eram negros, nem verdes. Seu cabelo não era ruivo, nem loiro. As roupas que vestia não eram feias, nem velhas, nem sujas.
Bem, já percebi que isso tudo que eu não fiz não interessa a ninguém. Pois todos já sabem... Já viveram. Leram. Sonharam. Só eu que não. Pois me recusei a isso. O que adianta viver aquilo que não se vive? Não quis me enganar. Isso eu não fiz.
A conclusão do romance que não vivi é a seguinte: não conheci, não toquei, não senti, nem vivi. Não me decepcionei, não chorei, só sonhei. E hoje não tenho que me fazer a pergunta: “Foi tudo real?” A resposta eu já sei; é "não". Não foi real, pois não foi. Não foi nada. Foi talvez uma brisa. Ou talvez um abrir e fechar de olhos. Ou ainda o arrepio frio de uma tarde ventosa de outono. Mas de uma coisa eu sei: Não foi um romance!
Kelson Fernandes
Escrito em 23/08/2001
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009
|::| Abrindo o livro de receitas

Postado por Kelson Fernandes às 13:49 4 Pessoas destemidas deixaram um comentário
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
|::| Tornar-se o que se é
Postado por Kelson Fernandes às 10:38 5 Pessoas destemidas deixaram um comentário
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
|::| Olá, 2009!
Postado por Kelson Fernandes às 22:35 9 Pessoas destemidas deixaram um comentário