segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

|::| Relativizando-me

Mas vamos voltar ao trabalho. 

Ao trabalho de reconstrução e reforma incessantes de minha consciência. Há momentos em que sinto aquela fome por vida e conhecimento que me faz andar até muito longe e voltar, logo depois, mastigando, digerindo, processando experiências e me relativizando. 

O caminho de volta é sempre revelador. Acredito ser essas constantes e cíclicas fugas e voltas a mim mesmo que me fazem cada vez maior. Em cada ida eu me torno um monstro estranho, carregado de conhecimentos rígidos frequentemente desconexos. No retorno vou reposicionando as novidades até ser capaz de me perceber mais rico e interessante. É claro que a cada volta sou parcialmente uma nova pessoa. E de parcialmente em parcialmente, descubro que sou completamente outro. 

Ser outro sem ser o outro, eis um grande segredo que se revela individualmente. Absolutizar na ida, relativizar na volta. À primeira vista, tudo parece ser o que parece. É o tornar a ver que permite a libertação da escravidão das absolutizações, embora tornar a ver não seja o mesmo que um ver de novo passivo. Refiro-me ao exercício, às vezes doloroso, de estabelecer novos relacionamentos entre aquilo que vemos, ouvimos e pensamos, e as outras tantas percepções e compreensões possíveis. 

Relativizar nada mais é do que enxergar os relacionamentos que existem entre todas as coisas. É reconhecer que nada é independente de tudo. Relativizar-me é, portanto, tornar-me consciente das relações que são a matéria-prima para a construção de mim mesmo.

3 comentários:

Unknown disse...

Bem antropológico!! O exercício de relativizar amplia nossa percepção de quem somos e nos torna mais capazes de entender as necessidades dos que nos cercam...
Muito legal... seu texto aponta para vários caminhos, e isso vai depender da leitura de cada um...
Abraço
Bira

Alto da Montanha disse...

hehe a foto me deixou feio !

jito disse...

rs