quinta-feira, 5 de março de 2009

|::| Autoajuda de quinta

Peço licensa pra falar um pouco. Quer me escutar?

Consciência. Consciência social. Consciência política. Consciência ecológica. Consciência moral. Consciência espiritual. Autoconsciência. Por aí vai. Consciência de si, do mundo, do espírito...

A busca por agir, pensar ou sentir com conhecimento, com ciência, tem me levado a caminhar cada vez mais no escuro. Num escuro consciente, não posso negar, mas nem por isso menos escuro. Talvez eu tenha descoberto que o autoconhecimento é a luz que me faz ver que a escuridão existe. Vejo que a confusão existe. A dúvida existe. A incerteza existe. Mas estou certo de que se é mais feliz nesse escuro consciente do que naquela escuridão não percebida.

Não se engane. Todos estamos mergulhados na escuridão. Mas a escuridão não é necessariamente ruim. Ela é simplesmente a condição desta nossa existência. Há muitas coisas que são boas no escuro. Aceite isso. Admita.

O autoconhecer-se de que tanto se fala é um processo complicado de conhecer, cada vez mais e, por isso mesmo, cada vez menos a relação que existe entre o interno e o externo. Não sei se existe um eu interior, assim como não sei se existe um eu exterior. O que sei é que existe um fora e um dentro que estão numa constante interação que, frequentemente, é completamente desconhecida por nós. Essa falta de conhecimento, ou melhor, essa falta de ciência a respeito dessa interação nos leva a uma subutilização de nosso potencial para a vida.

Enquanto inconscientes do nosso potencial, o medo é inevitável e a coragem é bastante limitada. Limitamo-nos então a construir as nossas próprias prisões, cadeias e cercas. Você pensa que a sociedade o reprime? Você pensa que a sua família o oprime? Você pensa que a igreja o prende? Será?

O interessante deste meu processo de construção da consciência é que eu percebo que quanto mais me conheço, quanto mais tenho ciência de mim mesmo, mais incompreensível eu me sinto. Parece uma tremenda bobagem dizer tudo isso, mas conhecer a minha própria escuridão, que aqui não tem qualquer sentido negativo, estranhamente me conduz a ver, cada vez mais, que há muito de mim do lado de fora, assim como há muito do fora dentro de mim. E, nesse caminho, cada vez menos tenho podido culpar qualquer um, ou qualquer coisa, que não seja eu mesmo pelo jeito como experimento a existência. Em outras palavras, quanto mais me conheço, mais me reconheço no mundo e nas pessoas.

Percebe o quanto as pessoas do mundo precisam reconhecer-se umas nas outras? Quantos conflitos seriam evitados se soubéssemos que o lá fora e o aqui dentro são as duas faces de uma mesma moeda que se chama vida? A luta contra a vida é uma luta perdida, e tem consequências dolorosas. Reprimir a vida diminui a nossa capacidade de experimentá-la. Você percebe que a vida é rica, complexa e colorida? Por que lutarmos contra essa verdade?

Quando sabe que está no escuro você aguça a sua percepção.

É o que eu acho, pelo menos.

3 comentários:

Elen Gruber disse...

auto-ajuda ou puxão de orelha?
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Obrigada.

Anônimo disse...

Rapaz, o texto é seu? que lindo e que profundo! vc é demais! Parabéns

jito disse...

é, vc é mesmo, demais! rs

( é incrível como a gente é curioso, rs. Sempre leio os comentários antes de escrever o meu, haha)

"Reprimir a vida diminui a nossa capacidade de experimentá-la."

fico com isso aqui! Faz parte daquela nossa conversa. será extremamente útil